Já sabemos que o ensino de uma segunda língua ao indivíduo a partir dos primeiros anos de vida pode trazer diversos benefícios a ele desde sua infância até a vida adulta.
Mas, para que o bilinguismo seja introduzido de forma adequada no aprendizado do estudante na primeira infância, é preciso que a escola seja preparada para tal, com o envolvimento de seu planejamento pedagógico e profissionais capacitados, além de recursos compatíveis com o processo ensino-aprendizagem do bilinguismo.
Alguns fatores que fazem uma escola ser devidamente preparada para lecionar uma segunda língua para as crianças desde os primeiros anos da Educação Infantil, ou seja, proporcionam a essa escola um ensino bilíngue forte, são:
1 – Ensino do bilinguismo de forma contextualizada e significativa
O aprendizado da segunda língua deve se dar com situações que envolvam contextos que façam a criança adquirir o aprendizado almejado, ou seja, a criança deve experimentar vivências pertencentes à realidade, com interação, e não apenas ser exposta a vivências meramente expositivas e que exigem pouca interação.
Vivências contextualizadas propiciam a maior aquisição de conhecimento pela criança, pois ela aprende pela própria experiência, e não pela simples observação. Ter aula com uma professora que lecione em inglês é um exemplo de vivência significativa para o bilinguismo, já que a criança interage com ela, com as outras crianças e com o ambiente em que está inserida, se comunicando na segunda língua – de acordo com sua idade, é claro.
Outro exemplo do bilinguismo contextualizado é o professor enumerar em inglês junto com as crianças cada item de uma receita alimentar e, num segundo momento, produzir essa receita com os alunos, revisando os nomes em inglês de cada item. A criança não apenas aprende o nome dos itens na segunda língua, mas também vivencia uma situação contextualizada em que esses itens são utilizados.
Contação de histórias em inglês é ainda outra forma pela qual a criança se envolve em um contexto propício para um melhor aprendizado do bilinguismo se o contador interagir com as crianças durante a história e/ou retomá-la com elas em um momento posterior, pedindo para os pequenos alunos a resumirem com suas palavras e/ou pedindo para eles criarem seu próprio final – sempre procurando que a criança fale em inglês, dentro de sua capacidade.
Para resumir, segundo uma matéria publicada no site do Estadão, na educação bilíngue a língua é tanto o objetivo a ser alcançado como a ferramenta para se alcançar esse objetivo. Está aí a importância das vivências bilíngues imersivas.
2 – O aprendizado da segunda língua deve contemplar conteúdos da cultura nacional
Não é porque a criança tem aula na segunda língua que a cultura de seu país de origem deve ser deixada de lado. Nessas aulas da segunda língua, é comum – e adequado, como vamos ver logo mais – que as escolas sigam pelo menos parte de um currículo internacional; porém, é perfeitamente possível e aconselhável envolver a cultura nacional nos aprendizados. Dessa forma, o estudante imerge na cultura de seu país, identificando e mantendo suas raízes culturais ao mesmo tempo que aprende a contextualizar e diferenciar a cultura internacional decorrente da segunda língua.
Por exemplo: explorar histórias de lendas brasileiras, como a do Saci Pererê, Mula Sem Cabeça, entre outras, em inglês, é algo extremamente válido no processo ensino-aprendizagem do bilinguismo.
3 – Carga horária exclusiva de imersão no inglês
No ensino do bilinguismo, é primordial uma carga horária dedicada à segunda língua, além da carga horária do ensino regular.
No Brasil, a definição da carga horária regular das escolas obedece às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, além do MEC e dos conselhos estaduais de Educação.
O tempo de aula dedicado à segunda língua deve proporcionar que a criança realize uma imersão profunda, contextualizada e exclusiva nessa língua, começando com a interação verbal com o professor e os colegas.
Essa imersão facilita que o aluno atinja um dos objetivos do bilinguismo, descrito em uma matéria do Estadão: não apenas dominar duas línguas, mas também pensar e utilizar ambas nos contextos adequados.
4 – É importante a escola seguir um currículo internacional avalizado por órgãos educacionais competentes
Aprimorando seu ensino bilíngue, a escola pode abranger em seu planejamento pedagógico, mesmo que opcionalmente, disciplinas e conteúdos de currículos internacionais reconhecidos, aumentando o grau do aprendizado de uma cultura internacional.
É por isso que algumas escolas inserem disciplinas internacionais em seu planejamento, sendo esse um fator que se vê com maior intensidade nos colégios que oferecem Elementay, Middle e High School – segmentos educacionais internacionais equivalentes ao 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental (Elementary), 6° ao 8° ano (Middle) e 9° ano e Ensino Médio (High School).
Nesses segmentos, a inclusão de disciplinas do currículo internacional – principalmente o americano – é um dos principais diferenciais e um de seus objetivos é oferecer um melhor preparo para o estudante que almeja fazer a graduação no exterior, além de propiciar que ele tenha uma visão do mundo mais ampla que a do estudante aprendente apenas do currículo nacional, o que é um ganho cultural considerável.
Para a implementação de disciplinas do currículo internacional, não é incomum as escolas recorrerem a empresas ou consultorias especializadas nessa implantação.
Com esses fatores básicos em seu ensino bilíngue, uma escola tem grandes possibilidades de ser uma grande formadora de cidadãos bilíngues que venham a fazer bom uso desse diferencial. Porém, é importante salientar que as escolas devem sempre estar atentas ao cenário em que atuam e procurem se atualizar de acordo com este cenário.